09/06/09

Sala Maior Gallery - Alguns dos trabalhos expostos...


"Forte Cariátide" - Homenagem a todas as mulheres que alguma vez suportaram uma carga demasiado pesada, com uma fortaleza de espírito e coragem inabaláveis ... a todas as heroínas não contadas..." - Técnica Mista/150x150/2009
Copyright © Célia Machado

Curiosidade - A minha avó está em posição de Cariátide (coluna com a forma de uma mulher, que suportava o peso do entablamento e da cobertura dos templos - arquitectura grega) e o pano utilizado no lado direito é um saco de estopa (tela grossa tecida com o fio de estopa, do linho grosseiro) fiado pela minha avó e tecido na aldeia em conjunto com as restantes mulheres da época. Esse saco é quase um achado arqueológico, com remendos, com as marcas do passar do tempo e que tantas vezes foi carregado às costas pela minha avó, cheio de cereais (na altura da apanha dos cereais). Nesse saco de estopa, encontramos uma apropriação do trabalhado típico das capas de honras (traje popular quinhentista, utilizada pelos boieiros  para se albergarem do frio, próprio do planalto mirandês e cujo cabeção era ornamentado). Podemos encontrar trabalhos realizados em burel, pardo ou surrobeco aplicados hoje em dia em peças de roupa e outros adereços no artesanato da zona de Miranda do Douro e Sendim, sendo de destacar o atelier de Suzana de Castro onde tão prontamente colaboraram com esta "estranha" produção.


"No planchar - Do not Iron - Ne pas repasser (não passar a ferro)"/Técnica Mista /150x150/2009
Copyright © Célia Machado - Bought by a Private Collector
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Pormenor da exposição - Copyright © Célia Machado


Díptico - "As fábulas da minha avó" - a partir da primeira parte da trilogia autobiográfica de Máximo Gorky - "A minha Infância" - onde a figura que mais o marca é a sua avó.120x200/Técnica Mista/2009
Copyright © Célia Machado

Curiosidade: o lado direito do quadro consiste numa colagem com páginas do livro de Máximo Gorky, onde estão sublinhadas as frases/descrições/afirmações que, de alguma forma, retratam ou que se assemelham às experiências que eu própria vivi e que por sua vez poderão ser também um referente universal.


Pormenor da exposição
Copyright © Célia Machado


"A inconsistência da sua inculpação - pois se nem no seu nome acertavam!!" 150x150/Técnica Mista/2009
Copyright © Célia Machado


"Sweet Life - cada minuto pareceu uma eternidade e nem dei pelo tempo"
150x100/Técnica Mista/2009
Copyright © Célia Machado

Curiosidade: A colagem foi realizada com as páginas de uma revista feminina de 1930. Nos anos 30, a minha avó teria cerca de 20 anos....um olhar atento permite-nos descobrir que algumas das preocupações relacionadas com o conceito de beleza, ou questões de género, são intemporais...


Pormenor da exposição
Copyright © Célia Machado



"Tocamos ou somos tocados pelo mundo..." - Conjunto de 5 caixas de madeira /Medidas variáveis/ 2009
Copyright © Célia Machado
Box 1


Box 2


Box 3


Box 4


Box 5


"Completely under the spell - When the spell is broken" - Work in Transformation/
Copyright © Célia Machado

Bought
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Detail from the exhibition/work in transformation
Copyright © Célia Machado


"Histórias de um melro azul" - Técnica Mista
Copyright © Célia Machado


Detail from the exhibition


"Irrigadores para ideias pré-concebidas" - Medidas variáveis
Copyright © Célia Machado
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"Enema(s) for preconceived ideas" - Mixed Media
Copyright © Célia Machado


"Enema(s) for preconceived ideas" - Mixed Media
Copyright © Célia Machado


"Feline Parody" - One of the pieces "Are the object"
Copyright © Célia Machado


Detail from the exhibition where we can see several pieces
Copyright © Célia Machado


Installation with a sewing machine - "You don't know me/so...don't judge"
Copyright © Célia Machado


Detail from the exhibition


Piece 2 from the installation
Copyright © Célia Machado


Piece 3 from the installation
Copyright © Célia Machado


Sewing machine...
Copyright © Célia Machado
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"Meditando sobre as idas e voltas da minha vida aparentemente eterna"
100x150/Técnica Mista/2009
Copyright © Célia Machado

detail

Exposição em Miguel Bombarda - Press Release

BOMBART03 - Magazine
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JORNAL DE NOTÍCIAS
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PRESS RELEASE - Invitation
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GALERIA SALA MAIOR INAUGURA

"STOP MEASURING" DE CÉLIA MACHADO
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"(A MINUTE TO) STOP MEASURING" é o título da exposição de Célia Machado que a Galeria Sala Maior inaugura no próximo sábado, 18 de Abril, a partir das 16horas.

Nascida em Angola, Célia Machado é licenciada em Artes Plásticas - Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e mestre em Estética e Teoria da Arte Contemporânea pela Universidade Autónoma de Barcelona. Nos últimos anos expôs pontualmente em mostras colectivas, concursos e prémios, mas empenhou-se particularmente na actividade académica e no desenvolvimento de um trabalho artístico singular que a Sala Maior agora apresenta pela primeira vez.

Para esta exposição a artista, que é também professora de Desenho na Universidade Católica do Porto, serve-se de várias técnicas e materiais para uma reflexão sobre o olhar de cada um de nós e da sociedade sobre os outros. Um olhar feito de medidas e ausente de afectos. Um olhar que tantas vezes valoriza a idade, a beleza e a fama, esquecendo a sabedoria, o amor, o companheirismo e a solidariedade. Utiliza ferramentas artísticas, para dentro dos limites das circunstâncias, conseguir encontrar novas formas de ver, oferecendo-nos a possibilidade de nos situarmos uns frente aos outros e olhar-nos, dentro de uma intimidade compartilhada (o que sentimos, como sentimos, como olhamos, o que nos marca, as marcas que deixamos).

Célia Machado socorre-se de dois corpos femininos, um ainda jovem e outro que se aproxima do fim de um longo percurso de vida, para se interrogar e nos interrogar sobre o passar do tempo, convidando-nos a olhar para lá do que a pele mostra e a descobrir que a beleza pode estar para além da superfície. Para fazer com que as pessoas sintam a silenciosa tragédia de nunca ter existido uma rapariga que tivesse envelhecido para além dos seus 18 anos, independentemente do que lhe fizeram as horas impiedosas. Trata-se de uma homenagem a todas as mulheres que alguma vez suportaram uma carga demasiado pesada, que suaram a vida inteira com uma fortaleza de espírito e coragem inabaláveis, que nunca desistiram e continuam a carregar um fardo, por vezes demasiado pesado, com a nobreza de uma cariátide.

A partir de referentes quotidianos e autobiográficos elabora comentários e observações, que não sendo provocatórios, não deixam de ser subtilmente críticos e irónicamente directos. Diria que, em cada trabalho podemos encontrar uma forma de combinar a história pessoal, com distintas histórias, conjugando traços individuais e universais. A arte que se impregna dessa experiência própiria de cada um e de todos, torna-se credível, ou deveria, teoricamente, arrancar do espectador um nível mais alto de compromisso, de cumplicidade, de respeito, interesse e disponibilidade para entender.

Galeria Sala Maior

Rua Miguel Bombarda, 498

4050-378 Porto

Tel. - 226054172 Fax - 226954174

galeria@salamaior.com/ www.salamaior.com

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For those who don't understand portuguese, you can find this text on my Saatchi online gallery
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Since 2005....and nowadays

No âmbito do Mestrado "Pensar a arte de hoje"-Estética e Teoria da Arte Contemporânea - da Universidade Autónoma de Barcelona, foi realizado um trabalho de campo/pesquisa durante um período de 10 meses, com jovens entre os 12 e os 15 anos, de ambos os sexos, pertencentes a uma classe média/baixa, a frequentar o 7ºano de escolaridade.





A questão da relação entre arte contemporânea e a ética e a política, não é uma questão nova. Só é de estranhar que num período em que os artistas contemporâneos parecem tão empenhados em devolver a arte ao espaço social, onde se multiplicam os discursos sobre arte pública, ou arte social, onde se questiona tanto os chamados espaços oficiais e os modos de apresentação, apareçam tão poucas intervenções nas comunidades escolares, ou "micro sociedades" (se assim lhe podemos chamar) que se tratam afinal de contas de um espaço de eminente construção de identidade.

No espaço de tempo que corresponde a um ano lectivo, estes jovens (um conjunto de aproximadamente 90 alunos) foram sujeitos a um estudo/intervenção diários, que visava levantar a questão: Contribui a Arte Contemporânea, ou a reflexão sobre a Arte, para criar nos jovens uma consciência crítica frente a determinadas situações?

Foi um projecto longo, faseado, dividido por diversas etapas de intervenção, num processo onde havia que combinar, entre outras coisas, algumas das exigências educativas com a necessidade da educação artística se redimensionar numa perspectiva social e crítica.

Não cabe aqui tomar voz, para falar dos meus pontos de vista frente ao necessário repensar que reclama a encruzilhada que atravessa o campo de conhecimentos da educação das artes visuais. Mesmo, se não poderia estar mais de acordo com a necessidade premente de uma indagação crítica que todo o campo de conhecimentos reclama em torno dos seus pressupostos e fundamentos.
Não podemos esquecer que, no fundo, muitas vezes os currículos nacionais, ainda que sejam necessários para encontrar uma normalização mínima, permitindo assim uma melhor efectividade da democracia, não deixam de impor regras e burocracias, de impedir a liberdade, a criatividade, a ousadia, ou o reinventar de conceitos, tanto aos professores como aos alunos, quer dizer, a toda a comunidade escolar.




Durante um ano, as diversas sessões, aulas, palestras e debates organizados, foram filmadas regularmente, dando origem a um arquivo de dezenas de horas de filmagem e registo das mudanças ocorridas. Foi editado um "Making of" (duração aproximada de 20min), com o resumo de todas as fases.

O culminar do trabalho dividiu-se em quatro partes:

I - A realização de um Documentário/Entrevista, com os jovens, onde estão patentes algumas tendências argumentativas do pensamento actual, sobre os fenómenos artísticos contemporâneos. Este Documentário tem a duração de 56 minutos e intitula-se "Depois do olhar indiferente"

II - Tendo em conta, alguns dos actuais debates sobre a capacidade de qualquer pessoa se tornar "autora" de uma obra, foi dada voz aos jovens (ou seja, foi dada voz ao individuo anónimo, ao invisível, ao silencioso) e realizado o vídeo "Invisibilidade dos silêncios ruidosos", que tem uma duração de 15 min. Visando ainda, levantar a questão: - servirá a participação em processos artísticos para criar nos adolescentes uma consciência cívica?




O trabalho de edição foi realizado na Universidade Católica Portuguesa





III - Posteriormente, a partir de todos os elementos obtidos, realizei uma obra que funciona como instalação artística, intitulado: "Face it, Face me, Face it", com a colaboração de imagens cedidas pelo fotógrafo do jornal "Público", Paulo Pimenta, a quem agradeço com toda a minha admiração. Esta obra consiste em dois vídeos de 4 minutos que estariam instalados um frente ao outro de forma a enfrentarem-se e "olharem-se".




IV- A quarta e última parte, consistiu numa Intervenção no espaço público onde foi feito o estudo/pesquisa. Foram colocados grandes ecrãs onde eram projectados , durante alguns dias, os vídeos realizados. Foi montada uma instalação que englobava os ecrãs, televisores e intervenções murais com fotografias das várias fases do trabalho.






WORK IN TRANSFORMATION
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Experiências de transformação...







Seleccionada no III Prémio Arte Erótica'07
"Solitariu - Histórias de um melro azul" 178x24



1st Prize - Premiado na III Bienal Arte Erótica'07
Prémio Câmara Munic. Gondomar
"Singularidade Intocável" 150x150


Seleccionado na II Bienal de arte Erótica.Gondomar'2005


Exposição - Auditório de Gondomar


"(completely) under the spell" - Técnica mista 164x120

Black Series - Work in Progress


"Era uma vez, uma utopia..." - Page one


"Era uma vez, uma utopia..." - Page two


"Era uma vez, uma utopia..." - Page three

Ilustrações/ Illustration

UCP-09



Para a edição do livro que aqui podem ver, a Universidade Católica convidou alguns dos seus professores para ilustrarem algumas das misericórdias.
Esta foi a minha colaboração:



"Dar guarida aos peregrinos"



"Visitar os doentes"






2 anos depois, foi-me pedido que colaborasse na continuação do desenvolvimento deste projecto. Esperava-se que fizesse ilustrações semelhantes às do número anterior, o que cerceou e limitou as minhas opções de trabalho ou criatividade.

Hoje em dia, parecem-me obsoletos. Mas, tendo em conta que foi um trabalho realizado na adolescência, resta-me aceitar e assumi-lo aos olhos do contexto em que se insere.







Nos fantásticos anos 90 (era eu uma adolescente a terminar o ensino secundário), quando surge a oportunidade de colaborar com o projecto do professor Fernando Branco Marado, que envolvia a investigação, recolha e análise de contos infantis enraizados em Lamego. Foram transformados, adaptados e recontados, os contos que mais sensibilizaram as crianças. O meu trabalho, consistiu em recolher as passagens que as crianças gostariam de ver ilustrados e realizar as respectivas ilustrações.

Este projecto, foi seleccionado pelo Instituto de Inovação Educacional e foi publicado pela Editora Civilizações.

Obviamente, nessa altura, não tinha acesso a computadores ou ao uso de tecnologias que hoje em dia nos parecem quase imprescindíveis. Acresce ainda, o facto de que, sendo de tão tenra idade, não me foi dado voto na matéria no que concerne à escolha do tipo de ilustração e muito menos, no que respeita ao Design/Impressão/aspecto final que teria o livro.

Curiosidade: nessa altura trabalhei com a Regina Pessoa neste projecto, tendo sido publicadas algumas das suas ilustrações num jornal da época.