Num trabalho de parceria com outros dois colegas: Célia Machado, António José Reis V. Silva e Isabel...criamos peças contemporâneas inspiradas na Arte Egípcia. Além das peças criadas, em estanho, foram realizadas uma série de fotografias (sistema analógico) que percorreram diversos espaços de exposição: - Faculdade de Belas Artes do Porto; Esc. Soares dos Reis/Porto; Bar/Galeria Pinguim; Junta de Freguesia de Rio Tinto....
Para o concurso de fotógrafos amadores, da revista PHOTO, enviamos um dos nossos trabalhos, que foi seleccionado....
Digitalização da foto seleccionada e publicada pela revista PHOTO
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"Pintura de bolso" - Malas arqueológicas
"Covil 5" - Técnica Mista 150x150
“Privar-me por muito tempo do meu covil afigura-se-me, então, um castigo duro em excesso, mas obrigo-me a concordar que essas excursões momentâneas são necessárias. Quando me aproximo do orifício há sempre uma certa solenidade na minha atitude. (...) Sempre que saio, eu próprio me vejo obrigado a vencer, com o esforço do corpo, as dificuldades deste labirinto; irrito-me e enterneço-me ao mesmo tempo quando, por vezes, me perco momentaneamente nas minhas próprias delineações. Afigura-se-me, então, que a obra teima em provar-me a justificação da sua existência, embora eu já tenha sobre o caso uma opinião bem assente. Finalmente lá chego ao tapete de musgo; acontece-me ficar por tanto tempo sem sair de casa que o musgo cresce de tal sorte que se confunde com o chão da floresta. Agora, com uma simples marrada, estou em terra estranha. Durante longo tempo hesito em fazer esse movimento, e, se não tivesse atrás de mim o labirinto do vestíbulo para me desenvencilhar andando de recuo, desistiria e voltaria para o meu buraco. Pois, quê? tens uma casa abrigada, toda confortável, vives em paz, no quente, bem alimentado, patrão, amo e senhor de todos aqueles infinitos corredores e praças, e sacrificas tudo isso para te entregares, por assim dizer, nas mãos do primeiro inimigo?" F. Kafka
“No meio do covil, quase no centro, fica a Grande Praça que será o meu bastião na altura do perigo mais de temer – não, precisamente, no caso de uma perseguição, mas no caso de um cerco. Enquanto todo o resto da minha obra representa um trabalho encarniçado da inteligência, um trabalho onde o esforço físico pequena parte tem, este local é a todos os títulos fruto do trabalho corporal mais duro que imaginar se pode. Certas vezes, no desespero de um corpo esgotado, vinham-me desejos de tudo abandonar, rojava-me de costas e amaldiçoava o covil; arrastava-me lá para fora e o covil vazio ficava aberto. Pouco me importava, pois não fazia tenção de lá voltar mais. Assim decorriam horas e horas, até à altura em que voltava, penitente, e, ao encontrá-lo intacto, quase me apetecia entoar um cântico de reconhecimento. Metia mãos à obra com uma alegria não dissimulada, quanto ao mais, a construção da praça-forte complicava-se inutilmente (inutilmente, porque esse trabalho dos diabos não tinha utilidade verdadeira para o covil) ; a complicação consistia em que , precisamente no local previsto pelo plano, a terra era friável e arenosa, e para construir a Grande Praça, com as suas belas abóbadas, era mister calcar a terra com coragem. Para um trabalho desse género, apenas disponho da minha testa. Dia e noite, milhares de vezes me precipitei de cabeça contra a terra. Sentia-me feliz quando batia até fazer sangue, o que queria dizer que a parede começava a ganhar solidez; e estou certo de que reconhecerão sem esforço que mereci a minha praça-forte. “ F. Kafka
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Exposição Faculdade de Belas Artes
"Covil 3" - Técnica Mista 150x150
“... De cem em cem metros alarguei os corredores para instalar pequenas câmaras redondas. Aí posso enroscar-me à vontade, aquecer-me com o meu próprio calor e gozar de repouso. Aí durmo o suave sono da paz, o sono do desejo satisfeito e do escopo atingido; possuo uma habitação. Não sei se é um hábito dos antigos tempos ou se os perigos desta casa são, apesar de tudo, suficientemente fortes para me acordarem. Mas a intervalos regulares, de tempos a tempos, sinto um sobressalto de medo que me tira o sono; e escuto, escuto no silêncio invariável que reina aqui, noite e dia, sorrio de satisfação e, de membros abandonados, afundo-me num sono ainda mais profundo. “ F. Kafka
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Trabalho seleccionado - Bienal de Cerveira
“Vivo em paz no mais fundo da minha habitação e entretanto o adversário, vindo não se sabe de onde, abre lenta e silenciosamente o seu caminho até mim. Não quero dizer com isto que ele tenha mais faro do que eu; talvez saiba tão pouco a meu respeito como eu a respeito dele. Mas há malfeitores apaixonados, que revolvem a terra de alto a baixo e a esquadrinham às cegas. E, tendo em vista a imensa extensão do meu covil, esses tipos podem mesmo esperar cair em qualquer parte num dos meus corredores. Por assim dizer, tenho a vantagem de estar em minha casa e de conhecer com precisão todos os corredores e todas as direcções. (...) E não são apenas os inimigos do exterior que me ameaçam. Tenho-os também no interior da terra. Nunca os vi, valha a verdade, mas as lendas falam deles e firmemente acredito na sua existência. São criaturas das profundezas da Terra. A própria lenda não sabe descrevê-los. Mas aquele que por ventura foi vítima deles mal os viu. Aparecem, sentem-se-lhe as garras por baixo de nós, escavando na terra, o seu elemento, e eis-nos perdidos. Estarmos então em nossa casa não representa qualquer vantagem contra eles; muito pelo contrário, nós é que estamos em casa deles.” F. Kafka
Exposição- percursos paralelos
Parceria da galeria por amor à arte, cooperativa árvore e casa da carruagem/
galeria Alvarez
"O Covil" - Técnica mista 150x150
“Arranjei o covil e parece que me saí bem.
Do exterior vê-se apenas um grande buraco, mas na realidade esse buraco não conduz a parte nenhuma. Alguns passos andados, esbarra-se com um enorme bloco de pedra que a Natureza ali colocou. Não quero vangloriar-me de haver premeditado este ardil; trata-se, antes, dos restos de uma dessas numerosas tentativas que falharam; mas, para concluir, parece-me vantajoso não encher esse buraco. Sei muito bem que há ardis tão rebuscados que acabam por se virar contra si mesmos. Sei-o melhor do que ninguém e parece-me assaz temerário chamar a atenção para este buraco e sugerir que talvez exista aí qualquer coisa que merecesse a pena explorar um pouco mais. Mas engana-se a meu respeito aquele que me julgar um poltrão e que estiver convencido de que eu não construo o meu covil senão por cobardia. Porém, a uns passos do buraco, abre-se a verdadeira entrada, coberta por uma camada de musgo, que eu posso levantar (...)” Franz Kafka
Prémio Aquisição - ANJE (Associação Nacional Jovens Empresários)
"Horas de ruína" - Técnica mista 175x100
BCM -
Concurso nacional de jovens artistas
"A cerca" - Técnica mista 150x150